Esta semana foi publicado meu artigo “Estratégias de reprodução social nas elites paraenses: Trajetórias sociais do grupo de parentesco Gama Lobo”. Saiu na revista Novos Cadernos NAEA, vol. 17, n° 1.
É mais um texto fruto do projeto de pesquisa que desenvolvo no Núcleo de Altos EstudosAmazônicos, o Naea, “Tipologia das elites paraenses: Redes de poder, capital social e cultura política, na Amazônia Paraense”.
Nele, busco compreender as formas sociais historicamente presentes em seis gerações de um grupo de parentesco das elites amazônicas e as peculiaridades de suas estratégias de reprodução econômica e política. Coletei dados desse grupo, formado pelos núcleos Gama Bentes, Gama da Silveira, Gama Malcher, Castro da Gama, Gama e Silva, Gama e Abreu, Pereira da Gama e Gama e Costa - bem como diversos outros núcleos familiares associados a eles, entre 1776 e 1945, procurando observar as trajetórias sociais presentes nesse processo, indagando sobre como elas se produzem a partir dos diferentes contextos ambientais e produtivos amazônicos.
Também procuro investigar como, enquanto network, esses núcleos familiares apoiam-se, ou conflitam, entre si. Não se trata de uma única família, mas de um grupo de diferentes famílias vinculadas por laços de parentesco, políticos e econômicos que se disseminam por diferentes ambientes produtivos amazônicos – Belém, Marajó, Baixo Tocantins, Baixo Amazonas Paraense, Nordeste do Pará, Manaus, Acre – e também fora da Amazônia, embora com vínculos produtivos ou políticos intensos com a região.
Para ler o artigo completo.
Resumo do artigo: O artigo indaga sobre a forma social das elites amazônicas e sobre as peculiaridades de suas estratégias de reprodução social. Observam-se seis gerações um grupo de parentesco em seus diversos ramos familiares, identificando as trajetórias sociais que perfazem nos contextos ambientais e produtivos presentes no espaço amazônico. Metodologicamente, propõe-se uma sociologia histórica do parentesco. Parte-se da abordagem prosopográfica, estabelecendo um conjunto de indivíduos e busca-se perceber as constantes nas suas estratégias de reprodução social e as suas dinâmicas de formação de redes. Ao dialogar com a sociologia e a historiografia brasileiras que investigam o parentesco de elite, o artigo contribui para, num plano relacionado ao conteúdo, interpretar as peculiaridades das famílias amazônicas de elite e, num plano metodológico, introduzir o conceito de grupo de parentesco. Conclui-se que as trajetórias se organizam por meio de processos de diminuição de riscos e entraves à reprodução dos aparelhos sociais de elite.
Palavras-chave: parentesco; Amazônia; trajetórias sociais; elites; reprodução social.
Na imagem: A imagem que ilustra este post chama-se “Funcionário público saindo de casa com a família”. Foi pintada por Jean-Baptiste Debret em 1820 e representa as relações de poder em sua simbiose com o Estado. Escolhi-a para ilustrar este post compreendendo a imensa sensibilidade de Debret para ilustrar as relações de poder presentes na sociedade brasileira dessa época.